Com salto de 186% nos lucros, CEO da Taurus aponta que o balanço é resultado de um longo processo de reestruturação
11/05/2022
Planta da Taurus em São Leopoldo (RS), onde são fabricadas cerca de 7 mil armas por dia
Com o processo de fabricação estabelecido, a missão da Taurus era focar no seu principal mercado: os Estados Unidos. Isso, para Salesio, não é exclusividade da Taurus. Para ele, toda fabricante de armas do mundo deve vender ao menos 60% da sua produção para o mercado norte-americano.
No caso da Taurus, a empresa vende cerca de 80% da sua produção para os Estados Unidos. “A Taurus é a maior fabricante de armas leves do mundo. Quando um americano decide comprar uma arma não genuinamente americana, ele compra uma Taurus”, aponta Salesio. “A maioria dos americanos considera a Taurus uma marca americana, porque nós temos uma história muito longa com o consumidor americano”.
Prevendo a ‘não euforia’ do mercado norte-americano, o executivo aponta que a Taurus decidiu investir em diferentes frentes para continuar crescendo no país. A busca por um público de ticket mais alto, citada anteriormente e a reestruturação do marketing da empresa em solo americano também estão entre as medidas feitas para garantir os resultados no futuro.
Apesar de uma possível estabilização em níveis pré-pandemia da demanda nos Estados Unidos, Salesio aponta que o mercado norte-americano ainda continua muito bom para o modelo de negócios da Taurus.
“Nós somos os maiores fabricantes de revólver do mundo, de longe, e o perfil do consumidor americano está indicando que a venda de revólveres ainda está acelerada, diferente da venda de pistolas que está estabilizada”, explica. “Como nós temos um processo de produção robusto, eu tenho flexibilidade para fazer isso, mesmo com o revólver tendo um processo de fabricação mais complexo do que as pistolas, pois é mais manual pela característica do produto”.
Em um recado para investidores, Salesio aponta que a nova política de distribuição de dividendos na Taurus mostra que a empresa agora deixa de ser apenas um papel para compra e venda.
“A Taurus passou a ter uma nova característica, até ontem a Taurus era uma empresa que chamava a atenção dos investidores pela valorização do papel, somente isso”, explica. “Nós não tínhamos nem condição de pagar dividendos porque a gente tinha um patrimônio líquido negativo. Porém, agora a Taurus tem outro perfil”.
Salesio afirmou que o pagamento agressivo de dividendos faz parte dos fundamentos empregados pela sua gestão, responsável pela reestruturação da empresa. Para isso, segundo ele, a grande capacidade de geração de caixa da empresa é o seu grande trunfo.
“A Taurus é uma forte geradora de caixa”, aponta. “Fizemos um grande investimento no ano passado, algo em torno de R$ 175 milhões, nós reduzimos a dívida para 0,2% do Ebitda, pagamos R$ 194 milhões em dividendos e continuamos com caixa confortável na companhia”.
Por fim, o executivo aponta que, preservando o caixa da empresa, a direção continuará a propor aos acionistas um pagamento agressivo de dividendos no futuro.