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Com salto de 186% nos lucros, CEO da Taurus aponta que o balanço é resultado de um longo processo de reestruturação

11/05/2022

Ontem (10), após o pregão da B3, a Taurus (TASA3; TASA4) apresentou seus resultados do primeiro trimestre de 2022. A empresa, uma das maiores fabricantes de armas leves do mundo, reportou um lucro líquido de R$ 195 milhões de reais no período, um salto de 186,3% ante o 1T21.

Salesio Nuhs, CEO da Taurus (TASA3/ TASA4)

Nesta quarta-feira (11), a Smart Money conversou com o CEO da Taurus, Salesio Nuhs, sobre os resultados do 1T22 alcançados pela companhia. O executivo explicou os números, bem como a recente reestruturação completa da Taurus e suas perspectivas para o futuro. 

Em comunicado ao mercado, a Taurus atribuiu os bons resultados desse 1T22 à estabilidade, eficiência e solidez operacional que a empresa alcançou nos últimos anos. Essa visão é reforçada por Salesio, que nos contextualiza sobre as mudanças executadas na companhia desde 2018. 

“Todas as mudanças que nós fizemos aqui na companhia foram mudanças estruturais, que criaram novos fundamentos para a Taurus”, explica. “Tem algumas coisas que, para nós, são mandatórias”. Esses fundamentos, revela Salesio, são receita líquida, margem bruta, margem Ebitda e lucro líquido. 

“Então, quando falamos de resultados, que focamos no resultado, não é sobre produzir mais ou vender mais”, aponta. “O que é entregar resultado? É entregar qualidade, por isso o nosso lucro líquido é reflexo de toda essa gestão que fazemos na Taurus. Quando lançamos um produto novo com maior valor agregado e para um nicho de mercado diferente, agrega-se esse valor ao resultado”. 

Sobre demanda, o CEO da Taurus aponta que é importante ter em mente que o mercado de armas é um mercado sazonal. Diferente de 2020 e 2021, anos em que a venda de armas disparou nos Estados Unidos – maior mercado mundial e, portanto, também o principal mercado para a Taurus –, vivemos hoje um momento de estabilização da demanda. 

“Tivemos uma euforia muito grande nos anos de 2020 e 2021, por quê? Por conta da pandemia. O mercado americano, a qualquer ameaça, compra muito”, explica Salesio. “Nós estamos voltando agora ao período pré-pandemia, (por isso) agora estamos focados no desenvolvimento de produtos, em novos mercados e em melhorar o nosso ticket médio nos EUA, para que a gente consiga atingir os nossos indicadores (objetivos) de receita líquida e margem Ebitda, e o lucro líquido é uma consequência disso”. 

Por isso, o executivo adianta que o ano de 2022 será um ano de desenvolvimento de novos produtos para a Taurus. No ponto de vista da governança, o ano também será de controlar os custos das operações, especialmente em um momento de alta das principais matérias-primas utilizadas nas fábricas da empresa. 

A inflação, inclusive, é uma grande preocupação no radar da empresa. “A inflação da Taurus ano passado foi 5%, enquanto a inflação no Brasil ultrapassou 10%. Esse controle forte da gestão que nos proporciona esse resultado”.


Salesio ainda aponta que o lucro líquido do 1T22 é um valor praticamente igual ao pagamento de proventos efetuado pela empresa no último dia 29 de abril. Na ocasião, a Taurus distribuiu um valor recorde de R$ 194 milhões aos seus acionistas em forma de proventos, o equivalente a R$ 1,65 por papel da empresa. 

O executivo afirma que a reestruturação da empresa foi vital para que a empresa conseguisse chegar a esses resultados e para o pagamento de dividendos realizado no final do mês passado. 

Ele afirma que a empresa se reinventou para criar um processo de fabricação forte e robusto que garante estabilidade, qualidade e prazo de entrega na produção. “Isso foi a mola propulsora de todos os resultados”, afirma Salesio Nuhs. 

Segundo ele, é essencial garantir não só a qualidade das peças que vão fazer parte de um produto Taurus, mas também é vital ter um processo de logística que faça cada peça chegar na linha de montagem no momento certo. 

Esse controle é de suma importância pois, como explica Salesio, uma enorme quantidade de peças passa pela linha de montagem todos os dias. O executivo usou como exemplo a planta de São Leopoldo (RS), de onde ele gravou a entrevista conosco. Lá, são fabricadas diariamente 7 mil armas, cada uma contendo aproximadamente 100 peças. 

“São 700 mil peças por dia que eu movimento aqui dentro. Se eu não tiver uma logística interna que me entregue a peça certa na hora certa, eu não vou ter meu processo de fabricação robusto”, aponta. 

 

Planta da Taurus em São Leopoldo (RS), onde são fabricadas cerca de 7 mil armas por dia

Com o processo de fabricação estabelecido, a missão da Taurus era focar no seu principal mercado: os Estados Unidos. Isso, para Salesio, não é exclusividade da Taurus. Para ele, toda fabricante de armas do mundo deve vender ao menos 60% da sua produção para o mercado norte-americano. 

No caso da Taurus, a empresa vende cerca de 80% da sua produção para os Estados Unidos. “A Taurus é a maior fabricante de armas leves do mundo. Quando um americano decide comprar uma arma não genuinamente americana, ele compra uma Taurus”, aponta Salesio. “A maioria dos americanos considera a Taurus uma marca americana, porque nós temos uma história muito longa com o consumidor americano”. 

Prevendo a ‘não euforia’ do mercado norte-americano, o executivo aponta que a Taurus decidiu investir em diferentes frentes para continuar crescendo no país. A busca por um público de ticket mais alto, citada anteriormente e a reestruturação do marketing da empresa em solo americano também estão entre as medidas feitas para garantir os resultados no futuro. 

Apesar de uma possível estabilização em níveis pré-pandemia da demanda nos Estados Unidos, Salesio aponta que o mercado norte-americano ainda continua muito bom para o modelo de negócios da Taurus. 

“Nós somos os maiores fabricantes de revólver do mundo, de longe, e o perfil do consumidor americano está indicando que a venda de revólveres ainda está acelerada, diferente da venda de pistolas que está estabilizada”, explica. “Como nós temos um processo de produção robusto, eu tenho flexibilidade para fazer isso, mesmo com o revólver tendo um processo de fabricação mais complexo do que as pistolas, pois é mais manual pela característica do produto”. 

Em um recado para investidores, Salesio aponta que a nova política de distribuição de dividendos na Taurus mostra que a empresa agora deixa de ser apenas um papel para compra e venda. 

“A Taurus passou a ter uma nova característica, até ontem a Taurus era uma empresa que chamava a atenção dos investidores pela valorização do papel, somente isso”, explica. “Nós não tínhamos nem condição de pagar dividendos porque a gente tinha um patrimônio líquido negativo. Porém, agora a Taurus tem outro perfil”. 

Salesio afirmou que o pagamento agressivo de dividendos faz parte dos fundamentos empregados pela sua gestão, responsável pela reestruturação da empresa. Para isso, segundo ele, a grande capacidade de geração de caixa da empresa é o seu grande trunfo.

“A Taurus é uma forte geradora de caixa”, aponta. “Fizemos um grande investimento no ano passado, algo em torno de R$ 175 milhões, nós reduzimos a dívida para 0,2% do Ebitda, pagamos R$ 194 milhões em dividendos e continuamos com caixa confortável na companhia”. 

Por fim, o executivo aponta que, preservando o caixa da empresa, a direção continuará a propor aos acionistas um pagamento agressivo de dividendos no futuro. 

 

 

fonte: https://smarttmoney.com.br/2022/05/11/com-salto-de-186-nos-lucros-ceo-da-taurus-aponta-que-o-balanco-e-resultado-de-um-longo-processo-de-reestruturacao/



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