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Taurus e CBC: parcerias estratégicas no país que poderá dominar metade do Séc. XXI

 

Atualmente, mais de 80% do faturamento da multinacional Taurus Armas - com unidades fabris no Brasil, nos EUA e brevemente na Índia - vem das exportações para mais de 100 países, sendo que os Estados Unidos concentram cerca de 70% de seus negócios. A empresa é a líder mundial na fabricação de revólveres e uma das maiores produtoras de pistolas do mundo, além de ser a marca mais importada no exigente mercado norte americano e a quarta marca mais vendida nesse país.



Já a multinacional CBC, com fábricas em três países e próximo de estabelecê-las em mais dois, é uma das maiores fornecedoras mundiais de munição para países da OTAN, sendo a líder mundial em munições para armas portáteis. A confiabilidade de seus produtos é atestada por 130 países, nos cinco continentes. 

 

Por que a Taurus e a CBC estão focadas na Índia?
Em 2019, quando a Taurus Armas e a CBC, empresas do mesmo grupo, buscaram reduzir sua dependência do mercado americano - o maior do mundo para armamento leve e suas munições, fizeram uma escolha estratégica, mirando no país que, de acordo com relatórios do Fundo Monetário Internacional, tem uma perspectiva de crescimento econômico superior a da China, devendo ultrapassá-la nos próximos 10 anos. Assim, a escolha recaiu sobre a Índia, país que é considerado também uma das maiores potências militares do planeta, atrás apenas dos EUA, Rússia e China.

 

Sob qualquer aspecto em que sejam analisados, os números da Índia são impressionantes:
 
- com mais de 1,37 bilhão de habitantes, é o país capitalista mais populoso do mundo;
- é considerada a quarta potência militar do planeta, atrás apenas dos EUA, Rússia e China;
- suas forças armadas têm mais de 1,3 milhão de integrantes;
- suas forças de segurança possuem um efetivo de mais de 1,4 milhão de policiais;
- a segurança privada do país conta com mais de 7 milhões de homens e mulheres;
- nos últimos cinco anos, a Índia foi o segundo maior importador mundial de armamentos;
- está entre os cinco principais países do mundo com maiores gastos no setor de defesa;
- tem o 8º PIB do mundo, à frente de países como Itália, Coreia do Sul, Canadá e Rússia. 
 
 
 

O jornalista econômico Ricardo Amorim - considerado o economista mais influente do Brasil de acordo com a Forbes, maior influenciador brasileiro no LinkedIn e ganhador do Prêmio iBest de Economia e Negócios - divulgou recentemente a análise abaixo, em seu canal "AAA Inovação" no YouTube, onde mostra "Porque a Índia e não a China irá dominar metade do Século XXI":
 
 
 
Porque a Índia e não a China irá dominar metade do Século XXI
 
 
 
Maior e mais inexplorado mercado do mundo para armas leves e suas munições
Em termos militares e de maneira geral, as forças armadas indianas possuem armamentos atômicos, bem como aviões, navios, artilharia e mísseis modernos, em boa parte importados dos EUA, Rússia e França, pois a indústria nacional é quase toda estatal e só há alguns anos começou a produzir armamentos mais modernos e sofisticados.
 

Com relação ao armamento leve, à exceção de algumas unidades especiais, a maior parte das forças regulares e a quase totalidade das forças de segurança ainda usa submetralhadoras, pistolas e fuzis antiquados produzidos pelas fábricas estatais. Recentemente, houve uma grande importação de fuzis de assalto americanos e foi firmada uma joint venture com a Rússia para a produção local do fuzil de assalto AK-203. A partir daí, diversas iniciativas semelhantes estão sendo costuradas com empresas de outros países, sempre com transferência de tecnologia.

 

É esse enorme hiato criado pela obsolescência das armas leves que levou o Jindal Group e a Taurus Armas a firmarem uma joint venture para produzir, na Índia, fuzis CQB (também chamados de carabinas, para uso a curta distância), submetralhadoras, pistolas e revólveres destinados, conforme o caso, às forças armadas, de segurança e ao mercado civil. Motivo semelhante também norteou a decisão da CBC.

 

O mercado de armas leves da Índia é estimado em 10 a 12 bilhões de dólares em 15 anos
Em 11 de fevereiro de 2020, durante uma entrevista ao jornal indiano Business Standard, o CEO da Jindal Defense & Aerospace e diretor administrativo da Jindal Stainless, Abhyuday Jindal, afirmou que “Atualmente, os players estrangeiros fornecem quase 50% da necessidade total de equipamentos de defesa da Índia. O mercado de armas leves indiano é estimado em US$ 10 a 12 bilhões até 2035. Isso dá oportunidade suficiente para empresas domésticas como nós (Jindal Defense) se aventurarem na indústria de defesa”.
 
 
A chave de todo o processo indiano no setor de defesa, pelo qual o país planeja ser autossuficiente e exportador neste setor, está no programa "Make in India", iniciativa que visa atrair empresas estrangeiras a transferir tecnologia e a produzir no país por meio de joint ventures com empresas locais. Esse programa é hoje prioritário no governo do Primeiro-ministro Narendra Modi, que criou a diretriz chamada de "Atmanirbhar Bharat" (Índia Autossuficiente) para a área de Defesa


O Ministério da Defesa indiano estabeleceu uma meta de US$ 26 bilhões, incluindo a exportação de US$ 7 bilhões para a indústria de defesa até 2025-26, por meio de sua Política de Produção de Defesa 2018.
 
 
Com base nesses números, JD Patil, diretor e vice-presidente executivo sênior da empresa de defesa L&T, afirmou que “Devido a isso, os investimentos acumulados previstos para a indústria doméstica nos próximos 6 anos seriam de cerca de 10 trilhões de rúpias [130 bilhões de dólares]. Com a iniciativa Make in India, a nacionalização no setor de defesa deve subir de 35-40% para 70-75%. Portanto, há um amplo escopo para os players domésticos”.
 
 
“O setor tem um potencial saudável de médio a longo prazo para ser um dos principais contribuintes para o 'Make in India' e para a modernização das forças armadas por meio da nacionalização. Dada a independência estratégica de longo prazo, o governo tem pouca opção a não ser reorientar e promover a construção de plataformas nacionais diretamente a partir do desenvolvimento de tecnologias e conceitos”, afirmou Patil.
 
 
O modelo de parceria estratégica visa reduzir a dependência da Índia em relação às importações de defesa e ajuda as empresas privadas a conquistar uma significativa parcela das compras de defesa do país.
 
 
Apesar de as principais fabricantes de armamento leve do mundo estarem de olho no mercado indiano e pretendendo constituir suas próprias joint ventures nesse país, acredita-se que não seja do interesse da Índia fatiar a produção de um mesmo tipo de armamento, haja vista que, do ponto de vista da logística militar, não seria  a melhor linha de ação. Assim, é mais provável que apenas uma grande JV seja a fornecedora de fuzis CQB, outra de fuzis de assalto, e mais uma ou duas de pistolas e submetralhadoras, ainda que uma delas possa também fornecer mais de um tipo de arma.
 
 
Além disso, o plano da JV Taurus/Jindal é se constituir na principal produtora de armas leves do país, capaz de atender sua imensa demanda local e, ainda, exportar para diversos outros países, a fim de colaborar com a  meta de 7 bilhões de dólares em exportações de produtos de defesa estabelecida pelo governo para até 2026.  
 
 

Segundo o embaixador indiano, a parceria Índia/Brasil será "uma das definidoras deste século"
O Presidente Bolsonaro, juntamente com alguns de seus mais importantes ministros e com uma grande comitiva de empresários brasileiros, realizou uma visita diplomática ao país asiático para as comemorações do Dia da República da Índia, no mesmo período da assinatura da joint venture pela Taurus, em janeiro de 2020. A tradição diplomática indiana permite que apenas um governante estrangeiro seja convidado, tendo cabido ao Presidente Bolsonaro a honra do convite para o evento de 2020. Por trás desse convite, há sólidos e fundamentais interesses da Índia que poderão influenciar as negociações da Taurus e da CBC nesse país, como será visto mais adiante.

 

A aproximação brasileira se deveu ao fato de a Índia ter um forte apelo comercial e oferecer oportunidade para impulsionar objetivos estratégicos do Brasil na relação bilateral, tais como a ampliação e diversificação da pauta exportadora para o mercado indiano, a atração de investimentos indianos e o melhor aproveitamento das potencialidades da cooperação bilateral em defesa, entre outras áreas.



O êxito da parceria entre Brasil e Índia, dois países com políticas e interesses alinhados, deverá gerar excelentes frutos para o Setor de Defesa de ambos, beneficiando empresas como CBC, Embraer, Taurus Armas e WEG, todas com grandes interesses nesse país asiático.

 

No dia 26 de janeiro deste ano, aconteceram em Brasília as atividades comemorativas ao 72º Dia da República da Índia, contando com a presença do Presidente Jair Bolsonaro, dos mais importantes Ministros de Estado e de outras altas autoridades brasileiras.
 

A presença do Presidente brasileiro no evento foi considerada uma rara homenagem e sinal da estreita relação entre Índia e Brasil, haja vista que, pelo protocolo usual, geralmente os presidentes e primeiros-ministros, especialmente de grandes países, não comparecem aos eventos do Dia Nacional organizados por embaixadas.



E não só o Presidente esteve presente; alguns dos mais importantes ministros do seu gabinete também compareceram: Relações Exteriores, Economia, Defesa, Minas e Energia, Infraestrutura, Educação, Justiça, Turismo, além dos comandantes das três Forças Armadas e de diversos Senadores e Deputados Federais, o que fez desse, o evento o mais concorrido dos últimos tempos em Brasília. 

 

Para se ter a exata noção de quão positivas e promissoras são as perspectivas para os dois países, o embaixador da Índia no Brasil, Suresh K. Reddy, em postagem no Twitter, afirmou que "esta será uma das parcerias definidoras deste século".

 
 
 
Destacando o Make in India como uma oportunidade extraordinária, o embaixador do Brasil na Índia, André Aranha Correa do Lago, afirmou que "A defesa e a segurança são componentes centrais do Plano de Ação de nossa parceria estratégica com a Índia. Nossos dois países são complementares nesta área". Ele estava se dirigindo a 150 participantes, incluindo funcionários e representantes da Índia e do Brasil, durante o webinar “Extensão Global da Indústria de Defesa Indiana para Parcerias Colaborativas: Webinar e Expo”, realizado no final de 2020.


Este Plano de Ação para a parceria estratégica Brasil-Índia foi assinado no início de 2020, ao final das negociações entre o Primeiro Ministro Narendra Modi e o Presidente Jair Bolsonaro. Os dois países têm uma relação multifacetada que se baseia em valores e na convergência de pontos de vista sobre muitas questões globais. Ambos os países estão cooperando bilateral e multilateralmente em várias foras, incluindo Nações Unidas, BRICS, IBAS, G20 e ISA.


Apoiado pelas missões do Brasil e da Índia, o webinar foi organizado pela Sociedade dos Fabricantes de Defesa da Índia (SIDM) e pela Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE).
 

No evento, o foco do posicionamento do embaixador indiano no Brasil, Suresh K Reddy, esteve na abordagem “Hélice Tripla”, que é seguida pelo Brasil e dá ênfase à inovação, pesquisa e desenvolvimento para seu exército, marinha e força aérea.
 

O embaixador Reddy também pediu às indústrias indianas que olhassem para o mercado divisionário do Brasil em busca de parcerias tecnológicas e joint ventures. O Dr. Roberto Gallo, Presidente da ABIMDE, afirmou que “a colaboração entre indústrias indianas e brasileiras têm potencial para alcançar o mundo”.
 

Em seu discurso, Anurag Bajpai, secretário-adjunto do Departamento de Produção de Defesa indiano, falou sobre o teto de investimentos estrangeiros diretos (IED) de seu país, que foi aumentado para 74% por via automática e até 100% por via governamental no setor de defesa.
 

“É hora de desenvolver laços mutuamente benéficos no setor de defesa e o escopo para colaboração neste setor deve ser explorado”, disse Rajat Gupta, presidente do Comitê de Exportações Internacionais do SIDM.
 
 
 
 

Licitação de fuzis CQB - para além de fatores técnicos e financeiros
Além da megalicitação emergencial de 93.895 fuzis/carabinas CQB divulgada no dia 10 de fevereiro, recentemente a Índia solicitou 10 unidades do Fuzil T4 para submetê-los a testes, haja vista que pretende fazer, em data ainda não definida, uma megalicitação ainda maior, que poderá variar entre 350.000 e 500.000 fuzis/carabinas CQB para suas unidades de Infantaria, especialmente as que atuam nas regiões de fronteira, onde há a possibilidade de serem travados combates aproximados.


Como comprovou a licitação para o Exército Filipino, vencida recentemente pelo Fuzil T4, a Taurus tem nele uma arma moderna, de altíssima qualidade e com a melhor relação custo/benefício do mercado, sendo perfeitamente adequada às necessidades e exigências do Exército Indiano, haja vista que suas diversas versões permitem que seja empregado tanto como fuzil de assalto como fuzil/carabina CQB.

 

Para além dos quesitos técnicos e financeiros, que são fundamentais num primeiro momento do certame, há também outros fatores importantes a considerar, pois podem ser decisivos no desenrolar das negociações.



O primeiro deles é o pioneirismo da Taurus e da CBC, sendo parceiras de primeira hora do Primeiro-ministro indiano Narendra Modi em seu Programa Make in India, concretizado por meio das primeiras joint ventures (JV) firmadas dentro desse programa, com a Jindal Defence & Aerospace e com a SSS Defence, respectivamente.

 

Junto a este fato, está o de que Grupo CBC/Taurus passará a fabricar armas e munições na Índia, criando um ecossistema facilitador completo para o Exército Indiano e para as demais forças militares, paramilitares e de segurança do país.

 

A poderosa parceria com o Jindal Group, maior fabricante de aço da Índia e um dos dez maiores do mundo, também é um fator muito positivo, pois fornece a segurança política e os respaldos financeiro e de infraestrutura  necessários para as operações da JV da Taurus nesse país.


Além desses fatores, poderão também pesar no negócio:
- a afinidade ideológica e os interesses comerciais mútuos entre o Primeiro-ministro Narendra Modi e o Presidente Jair Bolsonaro;
- a futura necessidade do gigante asiático de dispor de grandes fontes de matérias primas para abastecer suas indústrias, e de produtos agropecuários para alimentar sua crescente população, itens onde o Brasil é farto;
- a ambição geopolítica da Índia de firmar sua presença nas Américas, tendo o Brasil como centro irradiador. 

 

Correndo por fora, há ainda o fato (noticiado pela imprensa indiana) de o governo desse país asiático ter grande interesse em firmar uma parceria com a Embraer, visando sua divisão de jatos comerciais que havia sido vendida à Boeing e teve o negócio desfeito por esta.



Como novidade mais recente e possível handcap, o Fuzil T4 foi testado, aprovado e adquirido pelo Exército das Filipinas, após provas consideradas das mais exigentes do mundo. Esta aquisição totalizou 12.412 fuzis, sendo a primeira vez que o Exército Filipino adquiriu fuzis de um país diferente dos Estados Unidos. Após a entrega, será também a estreia do Fuzil T4 na dotação regular de um exército.

 

Objetivo: tornar-se a maior empresa de armamento leve do mundo
Em síntese, a forte presença da Taurus Armas na Índia se insere  na estratégia da empresa de avançar no mercado internacional, principalmente em países com expressivo crescimento, ampliando assim a diversificação geográfica de suas vendas, diminuindo sua dependência do mercado americano e passando a ter uma posição de proeminência em mercados com grande potencial, onde seu diferencial é oferecer soluções completas de alta tecnologia.

 

As profundas transformações efetuadas na empresa a partir de 2017, o ramp-up da nova fábrica nos Estados Unidos, a ampliação e modernização da unidade brasileira, o estabelecimento de uma fábrica em JV na Índia e a agressiva conquista de alguns dos mais importantes e promissores mercados internacionais são fatores que evidenciam o excepcional turnaround da Taurus Armas. Tais fatores têm tudo para proporcionar um futuro bastante promissor para a companhia e para seus acionistas, tornando cada vez mais possível a concretização de seu objetivo de médio e longo prazo: tornar-se a maior e mais poderosa empresa de armamento leve do mundo.

 

Fonte: LRCA Defense Consulting 

 



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