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Taurus (TASA4): Barata Demais Para Ignorar

21/03/2022

A Taurus Armas (SA:TASA4) divulgou seu balanço do 4º trimestre de 2021 (4T21) no dia 15 de março, após o fechamento do mercado, e apresentou resultados positivos, dando continuidade ao forte desempenho do trimestre anterior.

Na comparação com o 4T20, a receita teve alta de +39 por cento, o Ebitda +90 por cento e o lucro uma queda de -26 por cento devido a efeitos não recorrentes (detalhamos abaixo).

Já no acumulado do ano, a receita cresceu +47 por cento, o Ebitda +110 por cento e o lucro +141 por cento.

ENTREVISTA: Taurus se tornou maior vendedora de armas curtas no mundo, diz CEO

Avanço na produção total de armas

Em 2021, a Taurus atingiu a marca de 2,2 milhões de armas produzidas, um crescimento de +44 por cento na comparação anual.

No 4T21, o crescimento da produção foi de +22 por cento, a menor produção comparada aos dois últimos trimestres de 2021 devido ao menor número de dias úteis no período.

O forte crescimento de Taurus Armas foi impulsionado pela expansão da sua capacidade e da melhoria do seu maquinário.

Como já dissemos no passado, a empresa mudou drasticamente com a troca de controlador em 2018.

Os projetos das armas foram revistos. A qualidade melhorou absurdamente, e novos produtos com mais tecnologia e apelo ao consumidor foram lançados.

Os resultados estão acima e TASA mudou completamente.

NICS

Para falarmos sobre as vendas, precisamos antes comentar sobre a demanda por armas nos EUA — o principal mercado de TASA.

O National Instant Background Check System (NICS) é um indicador de consultas de antecedentes criminais e é usado para a autorização nas vendas de armas de fogo. Em nossa análise, usaremos para ver a demanda por armas nos EUA.

Olhando para 2021, foi um ano com uma demanda acima da média histórica, porém menor que 2020, ano de recordes no mercado norte-americano de armas.

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Gráfico: Adjusted NICS e Vendas Taurus nos EUA (mil unidades) – 2014 a 2021.


Vendas em linha com as nossas estimativas

Analisando a queda do NICS entre 2020 e 2021 e o crescimento de +23 por cento das vendas de Taurus Armas nos EUA, houve ganho de market share da companhia.

Além de aumentar sua participação no mercado de revólveres, em que a Taurus Armas é líder, a companhia ainda cresceu sua participação no mercado de pistolas.

No consolidado, a empresa apresentou um crescimento de +30 por cento, impulsionado pelo mercado americano, mas também pela melhora nas vendas aqui no Brasil.

Receita

É interessante notar que a empresa trouxe indicações positivas em relação ao crescimento da receita, crescimento de +39 por cento no 4T21 e +47 por cento na comparação anual devido a ganhos de market share, do aumento de preços e da desvalorização do real.

Ressaltamos que a grande exposição da companhia no maior mercado de armas do mundo (EUA) continua representando 70 por cento da sua receita dolarizada.

No entanto, conforme esperávamos, o back order apresentou uma queda e encerrou 2021 em 982 mil unidades. Mesmo assim, o número é relevante e representa cerca de cinco meses de produção da companhia.

Ebitda

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Gráfico: Ebitda (R$ milhões) e sua margem (%).

O crescimento da receita e o controle de custos e despesas refletiu em um crescimento de +90 por cento do Ebitda no 4T21.

No ano, a empresa alcançou um Ebitda de 1 bilhão de reais, alta de +110 por cento na comparação com 2021.

Além disso, os ganhos de eficiência da empresa nos últimos anos refletiram na expansão de margem, que no ano fechou em 36,7 por cento, crescimento de +10,9 p.p.

Como imaginávamos, a empresa teve uma queda no lucro de -26 por cento no 4T21 devido ao diferimento do imposto de renda, que impulsionou o lucro no 4T20. No ano, o lucro teve um crescimento de +121 por cento.

Vai continuar crescendo?

Para 2022, mesmo com a desaceleração da demanda por armas nos EUA, a empresa demonstra que seu crescimento deve ser sustentado pelos ganhos de market share e pela margem para aumentar seus preços.

Na nossa visão, com a melhor qualidade dos seus produtos e a consolidação da sua marca nos EUA, a Taurus Armas quer continuar roubando mercado das suas concorrentes, principalmente com produtos de melhor valor agregado, como a pistola GX4.

Com custos menores que suas concorrentes – porque produz no Brasil e monta nos EUA –, vemos que a Taurus deve aumentar o seu portfólio e melhorar seu mix de produtos de maior valor.

Vale ressaltar também que a operação da companhia na Índia deve começar no meio deste ano, após atrasos pela pandemia. A empresa disse também que acredita no potencial de grandes licitações no país e na sua presença mais relevante no mercado asiático.

Preço

Por fim, após anos de dificuldades, destacamos que a Taurus Armas caminha para ser um dos melhores cases de reestruturação da Bolsa. O objetivo agora é se consolidar como a maior fabricante de armas leves do mundo.

Para isso, a companhia quer ser um hub de produção no Brasil e exportar para a montagem nos EUA e na Índia.

Para 2025, a companhia pretende alcançar a produção de 15 mil unidades por dia; atualmente, está em 10,7 mil unidades por dia.

Ainda não veremos um crescimento de três dígitos em 2022, por conta da desaceleração do mercado americano, mas mesmo assim o crescimento deverá ser elevado.

No entendimento do nosso analista, se formos conservadores estimando um crescimento de apenas +30 por cento do Ebitda em 2022, Taurus Armas negocia a 2,4x Ebitda abaixo do múltiplo atual.

Assim, negociando a apenas 3x Ebitda histórico e com perspectiva de continuar crescendo nos EUA e seu posicionamento na Ásia, continuamos sendo surpreendidos positivamente com o desempenho de Taurus Armas e mantemos nossa recomendação de comprar.

 



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